Mapeamento feito pela Prefeitura de São Paulo com seis mil alunos de 4 a 14 anos indicou que 64,4% das crianças infectadas com Covid-19 na capital paulista são assintomáticas, e 16% já tiveram contato com o novo coronavírus. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (18) pelo secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, e pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) em coletiva de imprensa virtual. Diante desse cenário, o prefeito Bruno Covas vetou a reaberturas das escolas municipais para reforço escolar em setembro.
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Entre os dias 6 e 10 de agosto, o inquérito sorológico testou seis mil jovens divididos em três grupos: 2 mil alunos do Ensino Infantil (4 a 6 anos), 2 mil alunos do fundamental I ( 1º ao 5º ano, crianças de 6 a 10 anos), 2 mil alunos do fundamental II (6º ao 9º ano, crianças e adolescentes de 11 a 14 anos). O exame serve para identificar casos passados da doença e monitorar, assim, a porcentagem da população que já teve contato com o coronavírus.
Segundo o estudo, a prevalência do covid-19 entre as crianças e adolescentes pesquisados foi de 16,1% para mais de 1 milhão de alunos, um índice “muito representativo”, segundo Edson Aparecido, secretário municipal da saúde.
Diante do alto risco de contaminação com a volta às aulas presenciais, com base no resultado do levantamento de crianças infectadas com Covid-19, o prefeito Bruno Covas vetou a reaberturas das escolas municipais para reforço escolar em setembro. Há cerca de duas semanas, o Governo de São Paulo havia anunciado o adiamento da volta às aulas presenciais para outubro, mas as escolas teriam permissão para abrir de forma opcional, para aulas de reforço e acolhimento, a partir de setembro, nas cidades que estão na fase amarela da pandemia.
A determinação vale para “toda área de educação da Prefeitura de São Paulo”, não apenas para a rede pública municipal.
Para Bruno Covas, a retomada às aulas significaria a ampliação do número de casos, de internações e de óbitos na cidade de São Paulo.
O mapeamento constatou também que 25% das crianças moram com familiares com mais de 60 anos de idade. Para a prefeitura, uma volta às aulas em setembro poderia significar um aumento da disseminação da doença entre pessoas consideradas grupo de risco para o coronavírus.
Segundo reportagem do G1, Covas não descartou a volta às aulas em outubro, conforme plano do Governo estadual, mas aguardará definições da área técnica.
Nível de renda e volta às aulas
Enquanto o retorno às aulas continua suspenso em São Paulo, um estudo feito nos Estados Unidos revelou que, apesar da pandemia do novo coronavírus, 49% dos pais pretendem mandar os filhos para a escola quando as aulas forem retomadas, 30% “provavelmente” deve manter as crianças em casa, enquanto 20% estão indecisos. A pesquisa foi publicada na sexta-feira (14) pela revista médica JAMA Pediatrics.
Mas os pesquisadores constataram uma particularidade econômica entre os 730 pais que participaram do estudo: quanto mais alto o nível de renda, maior a probabilidade de as famílias planejarem mandar os filhos de volta às salas de aula.
O grupo de pais com maior probabilidade de manter os filhos em casa (38%) ganha menos de US$ 50 mil (cerca de R$ 273 mil) por ano, contra 27% dos que ganham mais de US$ 150 mil (R$ 820 mil) por ano. O estudo sugere que os pais mais ricos têm mais confiança de que as instituições de ensino cumpram os protocolos de segurança para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Nos Estados Unidos, alguns estados reabriram as escolas no início do mês, mas a maioria optou pelo ensino híbrido, mesclando aulas online e presenciais com turmas reduzidas.